Seu clube disputa títulos com os maiores clubes do seu pais. Disputa títulos com os maiores clubes do seu continente. Disputa títulos com os maiores clubes do planeta. Ganha troféus por onde passa ou as vezes tenta. Seus jogadores tiram fotos em monumentos históricos. Compram suas roupas em lojas caras. Dirigem seus carros importados. Passam apressados em aeroportos.
Mas chega o inicio do ano e lá estão eles, sem glamour nenhum ,de dentro de um ônibus, olhando a paisagem, as longas plantações que se e estendem por quilômetros. O gado no campo. As casas de madeira. Os homens andando a cavalo. Caminhões carregando animais vivos. Igrejas de uma torre só no meio do nada. A caminho de mais um jogo do primeiro turno do campeonato estadual.
Então o torcedor se pergunta. Porque ainda existem os estaduais? Porque as federações não acabam com os estaduais? Para que diabos eles existem?
No ano de 2006 o Inter foi campeão mundial em cima do Barcelona lá no Japão. Na época o Inter tinha algo próximo a 5.8 milhões de torcedores espalhados pelo Brasil e o mundo. Deste total, nem 1% esteve presente no estádio japonês.
Então onde estaria toda essa gente, no dia desse jogo histórico? Na Av. Goete em Porto Alegre, vendo tudo pelo telão? Em algum bar do Brasil? Não. A grande maioria de colorados, estava espalhada pelo Interior do Rio Grande do Sul ou de uma cidade do Brasil. Torcendo do seu jeito. Fazendo a sua mandinga. As suas preces. As suas promessas.
Grande parte dessa torcida nunca colocou os pés no Beira-Rio. Mas seu amor pelo clube nunca morreu. Então porque não dar a eles a chance de ver seus ídolos de perto. Ver os mesmos caras que ele vê na tv bem ali pertinho. Separados por uma cerca de arame. Ao menos uma vez por ano.
Hoje mais da metade da população de Porto Alegre provem do interior do estado. Seguindo o mesmo critério, grande parte da torcida aprendeu a torcer lá. E quando estava lá também quis ver seus ídolos de perto. É lá que está a essência da torcida. É lá que uma vez por ano nossos campeões desfilam.
Longa vida ao gauchão.