Quem explica um talento raro do futebol
mundial esquecer tudo de uma hora
para outra?
Tudo tem seu tempo. E dois momentos marcantes escreveriam por linhas tortas a história de
Ronaldinho Gaúcho no futebol mundial.
Ronaldinho Gaúcho já brilhava no
Grêmio de Celso Roth, mas ganhou reconhecimento mundial ao fazer seu primeiro gol pela seleção
brasileira no ano de 1999 em uma jogada de mestre diante da Venezuela. O lance correu o mundo e se tornou uma espécie
de boas vindas em qualquer programa televisivo sobre futebol.
Eis que surge
a faixa profética. Clubes europeus investindo pesado pra levar a jovem
promessa. Faixa no estádio Olimpico, com os dizeres “não vendemos craques”
ou “ we don´t sell our best players”, em
dois idiomas.
A
verdade é que em 2001 a faixa profética se concretizou e Ronaldo de Assis
Moreira, realmente não foi vendido. Pois saiu de graça, rumo a França. Ao
Grêmio restaria contatar o autor da faixa para fazer novas previsões quanto ao futuro
do clube.
Ronaldinho Gaúcho brilhou por onde passou, virou boneco,
revista em quadrinhos, documentário e mais um milhão de outras coisas. Sem contar os títulos e as conquistas
pessoais.
A Ronaldinho Gaúcho só restava a cereja do bolo para escrever de vez
a sua história no mundo da bola e
isso já tinha data e hora para acontecer. Dia 17 de Dezembro de 2006, 19:20 no horário japonês.
Na véspera
outro triunfo do melhor do mundo. Juntamente com sua equipe o Barcelona, aplicam uma sonora goleada de 4 a 0 na equipe
mexicana que até hoje não sabe a cor da bola daquele jogo. Por outro lado o
Internacional, sofria para ganhar de uma equipe africana .
O planeta se programara para a festa, meios de comunicação do mundo todo preparavam
suas homenagens. 99% do mundo se rendia
ao talento e maestria do jogador. Menos a metade vermelha do seu estado de
nascimento, justamente o seu oponente no grande dia.
Que jogador teria triunfo maior que ele? Conquistar
o mundo e ainda ver o maior rival do seu time do coração ser motivo de piadas e
chacotas por mais quantos anos.
Ronaldinho entrou em campo sorridente, trazendo na alma a esperança
tricolor, vestia as cores do time catalão, mas seu espirito vestia azul preto e
branco, e junto dele todos os títulos e
conquistas, pelo Grêmio foi campeão Gaúcho e
da Copa sul em 1999, pelo PSG campeão da UEFA Cup em 2001, pelo Barcelona, campeão da Supercopa da Espanha em 2005 e
2006, da Liga em 2004/05 e 2005/06 e pela Seleção Brasileira, campeão do
mundial sub-17 em 1997, copa América em 1999, Copa do Mundo em 2002 e campeão
da Copa das Confederações em 2005. Mais os prêmios que conquistou por seu
talento, troféu FIFA
100 em 2004. Melhor jogador do mundo em 2004, 2005. Melhor jogador da Copa das
Confederações em 1999. Bola de Ouro em
2005, One de Ouro em 2005. Melhor jogador do mundo pela Revista World Soccer em
2004 e 2005. Jogador do ano da UEFA em 2005/06, etc.
Quando o zagueiro Indio mesmo sangrando voltou,
Ronaldinho ainda sorriu, mas quando Iarley aos 37 do segundo tempo, tocou a bola
para Adriano Gabiru, o mundo veria pela ultima vez o sorriso largo dos dentes
salientes de Ronaldinho Gaúcho.
O sorriso de Ronaldinho Gaúcho acabou, e junto com aquele sorriso, acabava também o
talento de um dos maiores craques que o mundo do futebol conheceu.
Ronaldinho Gaúcho não fala, mas no fundo de sua alma ele sabe que sua vida
mudou depois daquele jogo.
Desde a derrota para o Internacional que ele nunca
mais foi o mesmo. tudo que ganhou e conquistou se acaba em 2006.
Desaprendeu a arte da bola e passou a vagar por vários clubes, sem nunca mais encontrar
seu futebol, trocando golaços de talento
por singelos gols de pênaltis.
A torcida do Flamengo cansou de um Ronaldinho
cansado. E ao que parece seus próximos dias
não serão vividos na Gavea. E a tendência
é que seja assim também nos próximos clubes que ele passar.