quarta-feira, maio 23, 2012

Com requintes de crueldade


 Eles vieram  calados. Passaram uma noite sem dormir.  Ouvindo fogos a noite toda.  Tiveram jogadores perseguidos por luzes led verdes no decorrer do jogo. Jogo eliminatório da Libertadores.  O engenhão semi lotado. Dava pra ver os espaços em branco na transmissão da tv.  Cadê a torcida do Fluminense? Que nunca consegue lotar o Engenhão.  El Tanque cabisbaixo.  “A vingança é um prato que se come frio” ele pensa.
  A alegria aconteceu aos 17 minutos do primeiro tempo.  A torcida do Fluminense comemorava, mesmo sabendo que teria pênaltis se permanecesse o resultado. Riquelme olhava  com o canto dos olhos.  O espaço destinado aos argentinos lotado. De vez em quando cruzava uma falta. Não corria muito. Algumas vezes chinga seus colegas de amarelo e azul. As horas passam.  A precária torcida do Fluminense que só canta nos 5 primeiros minutos  calada. Roendo os dentes. Nervosos. Abel  Braga é mais agitado que toda a torcida do Fluminense.  Riquelme pergunta a hora a um colega do banco de reservas. A torcida do Fluminense acorda aos 40 minutos do segundo tempo. Agora os tricolores cantam. Mesmo receosos cantam.   Jogadores do Fluminense tentam cavar pênaltis.   Riquelme olhava. El Tanque analisa o Engenhão.  37.000 tricolores. – Como tornar a vida deles um inferno nesta noite? Ele pensa. 
 Simples.  Tem que ser com requintes de crueldade.  São 45 minutos do segundo tempo. O Boca Juniors não treinou penaltis. Só tem um jeito. 
 Uma bola lançada na área. Riquelme só observa a bola caindo. Um chute. O goleiro da rebote. No rebote   El Tanque  chuta. A bola toca a rede.  Riquelme está calado. Mas por dentro ele ri.  Santiago Silva corre para o meio de campo.  O Fluminense está fora da Libertadores.
A torcida argentina comemora. E Engenhão chora.  Essa noite Santiago Silva dorme feliz.  37.000 torcedores dormirão de cabeça quente.  A bola não pune, o Boca pune.  

Fluminense 1 X 1 Boca Juniors