Eles vieram calados.
Passaram uma noite sem dormir. Ouvindo fogos
a noite toda. Tiveram jogadores
perseguidos por luzes led verdes no decorrer do jogo. Jogo eliminatório da
Libertadores. O engenhão semi lotado.
Dava pra ver os espaços em branco na transmissão da tv. Cadê a torcida do Fluminense? Que nunca
consegue lotar o Engenhão. El Tanque
cabisbaixo. “A vingança é um prato que
se come frio” ele pensa.
A alegria aconteceu aos 17 minutos do primeiro
tempo. A torcida do Fluminense
comemorava, mesmo sabendo que teria pênaltis se permanecesse o resultado.
Riquelme olhava com o canto dos
olhos. O espaço destinado aos argentinos
lotado. De vez em quando cruzava uma falta. Não corria muito. Algumas vezes
chinga seus colegas de amarelo e azul. As horas passam. A precária torcida do Fluminense que só canta
nos 5 primeiros minutos calada. Roendo
os dentes. Nervosos. Abel Braga é mais
agitado que toda a torcida do Fluminense. Riquelme pergunta a hora a um colega do banco
de reservas. A torcida do Fluminense acorda aos 40 minutos do segundo tempo. Agora
os tricolores cantam. Mesmo receosos cantam.
Jogadores do Fluminense tentam
cavar pênaltis. Riquelme olhava. El
Tanque analisa o Engenhão. 37.000
tricolores. – Como tornar a vida deles um inferno nesta noite? Ele pensa.
Simples. Tem que ser
com requintes de crueldade. São 45
minutos do segundo tempo. O Boca Juniors não treinou penaltis. Só tem um jeito.
Uma bola lançada na área. Riquelme só observa a bola
caindo. Um chute. O goleiro da rebote. No rebote El Tanque
chuta. A bola toca a rede.
Riquelme está calado. Mas por dentro ele ri. Santiago Silva corre para o meio de campo. O Fluminense está fora da Libertadores.
A torcida argentina comemora. E Engenhão chora. Essa noite Santiago Silva dorme feliz. 37.000 torcedores dormirão de cabeça quente. A bola não pune, o Boca pune.
Fluminense 1 X 1 Boca Juniors